Esta é uma pequena casa, projetada para abrigar um casal de professores, localizada em um centro budista, onde os moradores buscam um refúgio meditativo e de estudos.
Indicamos o pau a pique por ser uma tecnologia tradicional na região, de forte presença quilombola e de terreiros de candomblé. Além disso, uma construção feita de terra apresenta inúmeras qualidades, como conforto térmico, regulação de umidade, atoxidade quando comparada à tecnologias industrializadas, além de um menor impacto ambiental.
A casa possui um quarto, um banheiro, cozinha, sala, mezanino, varanda e área de serviço.
Indicamos o pau a pique por ser uma tecnologia tradicional na região, de forte presença quilombola e de terreiros de candomblé. Além disso, uma construção feita de terra apresenta inúmeras qualidades, como conforto térmico, regulação de umidade, atoxidade quando comparada à tecnologias industrializadas, além de um menor impacto ambiental.
A casa possui um quarto, um banheiro, cozinha, sala, mezanino, varanda e área de serviço.
Ao longo da construção, ganhou um pequeno quartinho, que não estava previsto no projeto executivo, resultado da elevação da caixa d'água. Com o objetivo de otimizar o espaço, colocamos todas as áreas molhadas reunidas ao redor da "torre" da caixa d'água, localizada exatamente em cima do banheiro.
O saneamento da casa é ecológico,
feito com uma bacia de evapotranspiração.
Eu acredito na arquitetura enquanto processo, seja ele afetivo, comunicativo, construtivo, social e/ou formativo. Neste sentido, entendo que os desenhos executivos não são estanques, mas podem ser mutáveis, e podem passar por mudanças durante o processo construtivo, principalmente pelos futuros moradores e construtores.
Eu acredito na arquitetura enquanto processo, seja ele afetivo, comunicativo, construtivo, social e/ou formativo. Neste sentido, entendo que os desenhos executivos não são estanques, mas podem ser mutáveis, e podem passar por mudanças durante o processo construtivo, principalmente pelos futuros moradores e construtores.
Este é o início de gabarito de obra e para assentarmos bem as fundações e relações, acredito ser fundamental o diálogo com os construtores. Sem esse laço estabelecido, com uma comunicação clara e direta, nada flui.
Abrimos todos juntos o projeto, vimos ponto a ponto, dialogamos. Vimos o que cabe e o que eventualmente tem que ser alterado, de acordo com a experiência do construtor local. Eu acho que o papel da arquiteta é, além de projetista, ser uma espécie de intermediadora na comunicação entre todas as partes.
Abrimos todos juntos o projeto, vimos ponto a ponto, dialogamos. Vimos o que cabe e o que eventualmente tem que ser alterado, de acordo com a experiência do construtor local. Eu acho que o papel da arquiteta é, além de projetista, ser uma espécie de intermediadora na comunicação entre todas as partes.
Buscando otimizar o espaço, indicamos a escada de acesso ao mezanino com o design Santos Dumont. Sua execução estava prevista, inicialmente, em madeira. Por conta do orçamento apertado, indiquei a alteração para alvenaria. Evitando o uso do ferro, utilizamos arcos em sua estrutura. Os construtores acharam muito interessante a produção dos arcos. O mestre de obra se surpreendeu com o fato de podermos retirar a forma imediatamente após a realização do arco, diferente de uma estrutura em concreto armado, "como a gente é inteligente fazendo isso" foi o que ele me disse durante o processo.
Construir com pau a pique é uma forma de fortalecer tradições e ressignificar imaginários. O estigma que as construções de terra carregam é o da pobreza, atraso, pouca durabilidade, etc. No Brasil, tivemos um rompimento institucionalizado desta tecnologia construtiva, formalizado a partir de políticas públicas higienistas, atrelando a técnica ao inseto transmissor da doença de Chagas, relação que sabemos ser equivocada. Eu acredito que construir com pau a pique, aplicando um bom acabamento e capacitando construtores locais, é um ato político.
Apesar de ser presente para alguns dos pedreiros as memórias de infância dos pais e avôs amassando o barro para produzir adobe, ninguém da equipe tinha experiência profissional construindo com terra. Hoje em dia é muito difícil encontrar profissionais que dominem este tipo de tecnologia. Diante disso, percebo a importância de entender sobre o processo construtivo para poder, sempre que necessário, compartilhar estes conhecimentos com os construtores. E foi isso que aconteceu nesta obra, além de desenvolver o projeto, acompanhei as partes de terra durante a construção: desde a obtenção dos materiais, passando pela produção da trama do pau a pique até os testes dos rebocos e tintas feitos com materiais naturais.
Na Casa Três Jóias, utilizamos muitos materiais de reuso. Quase todos os elementos em madeira vieram de desmontagens de outras construções. Aproveitamos também elementos como pia do banheiro, gradil e ladrilhos hidráulicos. Os tacos que hoje estão no piso do quarto seriam descartados, não fosse nosso desejo de reutilizá-los.
Projeto de Arquitetura: Ananda França e Leticia Grappi
Projeto hidráulico: Leticia Grappi
Projeto elétrico: Bruna Porelli e Hugo Veloso
Projeto de fundação: Dilênia Lara
Execução
Coordenação geral: Guiomar Rodrigues Acompanhamento: Leticia Grappi
Participação especial no mutirão: Seu Ivan
Carpintaria: Jadson Aragão da Silva
Pedreiros: Larilson Pereira de Sena, Wilson Santos Sena, Zé Lourenço, Diego Souza da Silva, Jadson Aragão da Silva, Jailson Borges da Paz, Gilson Borges da Paz
Reaproveitamento das peças: Arquivo SSA - Pedro Alban, Natália Lessa e Fernanda
Local: Santo Amaro - Recôncavo Baiano
Projeto hidráulico: Leticia Grappi
Projeto elétrico: Bruna Porelli e Hugo Veloso
Projeto de fundação: Dilênia Lara
Execução
Coordenação geral: Guiomar Rodrigues Acompanhamento: Leticia Grappi
Participação especial no mutirão: Seu Ivan
Carpintaria: Jadson Aragão da Silva
Pedreiros: Larilson Pereira de Sena, Wilson Santos Sena, Zé Lourenço, Diego Souza da Silva, Jadson Aragão da Silva, Jailson Borges da Paz, Gilson Borges da Paz
Reaproveitamento das peças: Arquivo SSA - Pedro Alban, Natália Lessa e Fernanda
Local: Santo Amaro - Recôncavo Baiano
Ano: 2020
Status: Obra Finalizada