A terra gera a vida, faz germinar as sementes, produz o fruto, e acolhe a morte de todos os seres. Para muitas culturas ancestrais africanas - a mãe de todas as culturas - a terra representa o princípio feminino na natureza e é o principal material em nosso projeto da Casa das Mulheres.

Esta é a nossa proposta para o concurso Kaira Looro, cujo objetivo é construir a Casa das Mulheres, localizada na região do Sedhiou, no Senegal. Um espaço de reunião, partilha e fortalecimento feminino e com a comunidade.

Equipe: Everton Souza, Leticia Grappi, Mário Rubem, Olga Liz e Rafael Lamary
Optamos por coberturas compostas por abóbadas nubianas pois são estruturalmente eficientes e belas, permitem condições adequadas de climatização, são possíveis de serem replicadas na comunidade e são milenarmente construídas na África, utilizando um elemento simples e fantástico como o adobe.

Na busca por minimizar o impacto ambiental, a utilização de materiais locais reduz o consumo de energia. Por isso, também, a terra é o principal material de construção, paredes feitas desse material são excelentes reguladoras de umidade e termicamente confortáveis em função da sua espessura. As grossas paredes de adobe cumprem papel estrutural ao receber as cargas das abóbadas. Os vãos das portas, formados por adobes em formato de arco, reduzem a necessidade de vergas de concreto armado. 

Considerando que a região sofre com desertificação, um outro motivo que nos levou às abóbadas foi a opção por técnicas construtivas que não necessitam do uso de madeira. A abóbada nubiana não necessita de fôrma.​​​​​​​
Em nosso projeto, as abóbadas formam quatro espaços fechados interligados por um não vazio (1), protegido pela maior das abóbadas, espaço de transição entre as salas multifuncionais (4), sala de reunião (3) e a sala de administração(2). As salas multifuncionais, inclusive a sala de reuniões, são conectadas por arcos e podem ser usadas como um único espaço ou individualizadas por portas de correr. O mobiliário, também multifuncional, foi projetado para se adequar aos diversos usos nos ambientes e à proposta arquitetônica, além de facilitar a sua construção pela comunidade.

A água, outro componente feminino, também essencial para a vida, todavia localmente intermitente, precisa ser acumulada quando há fartura para seu aproveitamento na escassez. Por isso a importância de captá-la e direcioná-la para um reservatório (7), no qual indicamos enterrado, permitindo o armazenamento de 20 m³ de água.

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